An apple a day
Tem um antigo ditado inglês, "An apple a day keeps the doctor away". Aprendi logo bilíngüe, "Pomme du matin éloigne le médecin". Quem sabe um dia tento traduzir, naquele esquema poundiano. Aceito sugestões. O que importa aqui é aquilo que nos meios diplomáticos se deve contar como piadinha de salão aos calouros, com um nome pomposo tipo 'Ressalva Churchill', em alusão ao autor presumido (nunca é certo, bem sabe o Veríssimo):
"An apple a day
keeps the doctor away
- if your aim's good enough"
ou, vertido,
"Pomme du matin
éloigne le médecin
- si l'on vise bien"
Importante mesmo é tirar a lição certa: a sábia mãe natureza instila em seus frutos qualidades que nossa vã mais moderna tecnologia nunca poderá sonhar.
Então vamos ver quantas maçãs tem no estoque. Esta vai sem título - melhor que colocar qualquer coisa em outra língua como assopra inocente o pequeno demônio atrás dos óculos de acetato roxo -, acho que entra pruma série "Persistência da Memória".
***
Permanece algo incompleta,
suspensa no tempo feito o
quadro de Borges, vazada
de espaço como no cubo
oco de Gullar, a carta
sem resposta: admitimos
que existe de algum modo
(e de algum modo talvez
mais que as tantas cartas plenas
que se escrevem neste mundo
com começo, meio e fim)
mas nos atinge mais pela
falta que pela mensagem
perdida. E pelo vazio
atrai - nos faz um pouco
mais humanos (e talvez
mais capazes de promessa).
.
"An apple a day
keeps the doctor away
- if your aim's good enough"
ou, vertido,
"Pomme du matin
éloigne le médecin
- si l'on vise bien"
Importante mesmo é tirar a lição certa: a sábia mãe natureza instila em seus frutos qualidades que nossa vã mais moderna tecnologia nunca poderá sonhar.
Então vamos ver quantas maçãs tem no estoque. Esta vai sem título - melhor que colocar qualquer coisa em outra língua como assopra inocente o pequeno demônio atrás dos óculos de acetato roxo -, acho que entra pruma série "Persistência da Memória".
***
Permanece algo incompleta,
suspensa no tempo feito o
quadro de Borges, vazada
de espaço como no cubo
oco de Gullar, a carta
sem resposta: admitimos
que existe de algum modo
(e de algum modo talvez
mais que as tantas cartas plenas
que se escrevem neste mundo
com começo, meio e fim)
mas nos atinge mais pela
falta que pela mensagem
perdida. E pelo vazio
atrai - nos faz um pouco
mais humanos (e talvez
mais capazes de promessa).
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7 Comments:
"Uma maçã por dia traz saúde e alegria."
Caraca, GG, desse poema eu gostei. Enfim, essa coisa da falta e do excesso, creio eu, falam muito sobre muita coisa.
Bem diferente do que eu ja tinha lido de seu até hj!
Gostei da falta de título tb!
Congrats!
Oi!
(o que tem a maçã a ver com as calças, não sei, hehe). 2 coisas:
- está um digno paulo ferraz, não conseguiria distinguir - o que é legal, nada desse troço de originalidade por essas bandas;
- mas apesar de muito bonito o poema, essa falta de ódio ou esperança me deixa doente. já basta o que o vargas llosa (sic) falou para a folha ontem.
beijos
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Fábio, o problema da sua adaptação é que se perde a coisa do médico, daí a brincadeira depois fica sem sentido. Queria poder adaptar completo.
Manu e Carol, obrigado! Mas que doce?
Ana, sei lá, é coisa velha. De qualquer forma, nem tudo precisa mudar o mundo, e, como alguém já disse, essa coisa de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além.
Agradecimentos irônicos a tod@s!
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