3.4.07

Bom senso e bom gosto

Balzac, trad. minha:

"Duas figuras ali formavam un contraste fulminante com a massa de pensionários e freqüentadores. Ainda que a senhorita Victorine Teillefer tivesse uma brancura adoentada semelhante à das jovenzinhas atacadas de clorose, e que se juntasse ao sofrimento geral que servia de fundo a esse quadro por uma tristeza habitual, por uma presença incomodada, por um ar pobre e agudo, ainda assim o rosto não era velho, os movimentos e a voz eram ágeis. Essa jovem infeliz lembrava um arbusto de folhas amareladas, plantado com frescor em terreno inóspito. A fisionomia avermelhada, os cabelos de um loiro tostado, o corpo esbelto em demasia, exprimiam aquela graça que os poetas modernos encontravam nas estatuetas medievais. Seus olhos cinzentos mesclados de negro exprimiam uma doçura, uma resignação cristãs. As roupas simples, pouco custosas, traíam formas jovens. Era bonita por justaposição."
E essa não tinha nem trinta.

1 Comments:

Anonymous Anônimo argúi...

Esse post tinha passado batido, quanta displicência da minha parte!

Então, estou praticamente a dois passos de ser uma balzaquiana. Isso assusta um pouco, mas assusta mais esse modelinho ridículo dessas revistas femininas que ficam pregando algo como ser heroína em tempo integral (como se o mundo pudesse ser salvo de alguma forma!). Essa apregoada mistura de mulher maravilha, físico nuclear e dançarina de axé me deprime fortemente, até porque mal consigo colocar a leitura em dia e há tempos sequer assino jornal. É impressão minha ou o tempo anda cada dia mais volátil?

Enfim, acho que estou meio longe da balzaquiana descrita pelo próprio. E o que é pior: nada de beleza por justaposição!

Bjo,
Carol

sábado, abril 21, 2007 2:31:00 PM  

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