11.3.07

Kaváfis y los Muros

Andei discutindo um pouco com a Virna Teixeira a poesia do Konstantinos Kaváfis, grego que escreveu no começo do século XX com temas que retomam as epopéias. Provavelmente o poema mais famoso, que costumamos recitar e que vem a calhar em tempos de visitas do Imperador do Sol, é À Espera dos Bárbaros. Mas comprei um livro dele e, conversando com a Virna, descobrimos que os dois gostamos muito desse outro.

***

MUROS

Sem cuidado nenhum, sem respeito nem pesar,
ergueram à minha volta altos muros de pedra.

E agora aqui estou, em desespero, sem pensar
noutra coisa: o infortúnio a mente me depreda.

E eu que tinha tanta coisa por fazer lá fora!
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses.

Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora.
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse.


Konstantinos Kaváfis, trad. José Paulo Paes

***

Mesmo sem saber grego, dá pra notar que a tradução não ficou genial, a não ser que as rimas todas soem propositadamente mal. Valeria fazer o que o próprio José Paulo Paes, isto é, pegar as traduções francesas e a italiana e montar de novo o poema, com a ajuda de um ou outro helenista.
De qualquer forma, em tempos escassos e de muros paraguayos, é sempre bom saber que o mundo não evoluiu grande coisa.

6 Comments:

Anonymous Anônimo argúi...

ah, esse poema é mesmo foda. e pq vc não faz isso de comparar? beijos

segunda-feira, março 12, 2007 1:51:00 PM  
Anonymous Anônimo argúi...

Sense cap mirament, sense dolor, sense respecte,
M’han bastit a l’entorn grans i altes muralles.

I m’estic ara aquí i em desespero.
No penso en res més: aquesta sort em devora el pensament,

Perquè tenia tantes coses per fer, allà a fora.
Ah, quan construïen els murs, com no vaig fer-hi atenció!

Però mai no vaig sentir la remor o la veu dels qui els bastien;
Sense jo adonar-me’n em van tancar lluny del món.

«Murs». A: Konstandinos P. Kavafis, Poemes. Traducció de Carles Riba. Barcelona: Curial, 1977.

sexta-feira, março 23, 2007 10:03:00 PM  
Anonymous Anônimo argúi...

Les murs



Sans égards, sans pudeur, sans pitié,
de hauts, de larges murs ils m'ont environné.



Et me voilà ici à me désespérer,
ne songeant qu'au destin qui dévore ma pensée.



Moi qui avais tant à faire au dehors.
Ah? ces murs qu'on dressait, comment n'y ai-je pas pris garde ?



Mais aucun bruit de bâtisseurs ne me parvenait,pas un son :
tout doucement, ils m'ont emmuré hors du monde.

sexta-feira, março 23, 2007 10:04:00 PM  
Anonymous Anônimo argúi...

Without consideration, without pity, without shame
they have built great and high walls around me.

And now I sit here and despair.
I think of nothing else: this fate gnaws at my mind;

for I had many things to do outside.
Ah why did I not pay attention when they were building the walls.

But I never heard any noise or sound of builders.
Imperceptibly they shut me from the outside world.

sexta-feira, março 23, 2007 10:08:00 PM  
Anonymous Anônimo argúi...

Pronto, achei essas aí. Agora, a questão primeira, poucos lugares no mundo além do brasil têm por preocupação traduzir a poesia integralmente, incluindo-se os recursos que fazem dela um poema e não prosa... em geral, a maioria prefere seguir apenas o que ele disse, e não como...

sexta-feira, março 23, 2007 10:10:00 PM  
Blogger Fábio Aristimunho argúi...

Tenho uma tradução em espanhol que é levemente mais truncada que essas aí. Só não sei dizer se se privilegiou, quanto ao dizer, o o quê ou o como. Posto assim que disponível.

quarta-feira, março 28, 2007 3:45:00 AM  

Postar um comentário

<< Home