à moda do Del
Bem, já que há clamor pela volta dos posts, aqui vai um. O disclaimer é: trata-se de um exercício em cima do livro "Uma dose de cortisol e uma porção de serotonina", do Del Candeias. O poema não tem relação direta com fatos reais e qualquer semelhança será mera confidência, ops, coincidência. Tampouco o considero representativo da minha própria produção, embora isso de pouca utilidade seja contra a sua existência eletrônica, para ser passado e repassado. Aliás, descobri que o poema do Na verdade não sou poeta já andou rodando, de forma que pouco adianta esconder as coisas no mundo virtual. São essas que pegam, né?
***
Te encontrei já escassa.
Como o resto da picanha mais suculenta
ainda incomodando entre dois dentes.
A borra da melhor safra toscana
amarrando a língua dos garçons depois do expediente.
Mas nada que mereça
horas de exame no espelho
ou choros de manhã seguinte.
Essas coxas, garanto, faziam furor ainda
passando em frente a qualquer construção
e o rosto, tão superior,
deixava loucos todos esses moleques
querendo qualquer coisa que pareça saída duma TV.
E atrás desses óculos espelhados
não é que não tenha nada.
(você não era burra)
É um pouco pior.
Tem aí uma criatura estragada
por anos de elogios falsos,
por tantos bêbados
querendo enfiar o pau em qualquer lugar,
que sublimou a própria graça de menina
(você também não tava velha)
numa cara de nojenta
e parece o tempo todo dizer:
“Não quero dar pra você.”
Fez até suas próprias regras
de dona do próprio corpo.
Não ficava antes das duas,
nunca depois das quatro
nem com menos de meia hora de xaveco.
As amigas já sabiam: aquela se valorizava.
E por dentro ia morrendo,
davam longas risadas.
Não se preocupe.
Não foi sua culpa.
E pra não despedaçar
pode acusar sempre uma inveja
que na verdade eu te queria mais.
Eu não ligo
pode espalhar
você ainda era bonita.
Bela e farinhenta
como uma maçã argentina.
***
à moda do Del
Te encontrei já escassa.
Como o resto da picanha mais suculenta
ainda incomodando entre dois dentes.
A borra da melhor safra toscana
amarrando a língua dos garçons depois do expediente.
Mas nada que mereça
horas de exame no espelho
ou choros de manhã seguinte.
Essas coxas, garanto, faziam furor ainda
passando em frente a qualquer construção
e o rosto, tão superior,
deixava loucos todos esses moleques
querendo qualquer coisa que pareça saída duma TV.
E atrás desses óculos espelhados
não é que não tenha nada.
(você não era burra)
É um pouco pior.
Tem aí uma criatura estragada
por anos de elogios falsos,
por tantos bêbados
querendo enfiar o pau em qualquer lugar,
que sublimou a própria graça de menina
(você também não tava velha)
numa cara de nojenta
e parece o tempo todo dizer:
“Não quero dar pra você.”
Fez até suas próprias regras
de dona do próprio corpo.
Não ficava antes das duas,
nunca depois das quatro
nem com menos de meia hora de xaveco.
As amigas já sabiam: aquela se valorizava.
E por dentro ia morrendo,
davam longas risadas.
Não se preocupe.
Não foi sua culpa.
E pra não despedaçar
pode acusar sempre uma inveja
que na verdade eu te queria mais.
Eu não ligo
pode espalhar
você ainda era bonita.
Bela e farinhenta
como uma maçã argentina.
4 Comments:
hahá, mera confidência.
tá meio comprido, mas o verso final é absolutamente fantástico.
eu iria mais longe, faria uma figura com uma argentina decadente, mas ainda mejor que acá, sei lá.
quem sabe não reescrevo? gostei muito.
beijo
Oh! mais metáforas carnívoras!!
Quanto ao teu coment, vício é vício, né? Tem nada que fazer...
bjs
Aê! Valeu pelo embasamento! Não consegui gostar ou desgostar do poema, poeque não contive a mania de ficar tentando me reconhecer. suahsuiasa
Abrá!
Ei, gostei desse. Tudo bem que pra ser um à la Del tinha que ser um pouco mais escatológico, mas tá muito além do pressuposto. Ainda vou reler, mas a primeira impressão é positiva.
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