Pessoas
Pra irritantemente constatar o óbvio num fim-de-semana que promete dar trabalho, um par de dois (homenagem dupla ao Paulo Ferraz) poemas do Pessoa. Acho que pensando direito gosto mais do primeiro, tem menos dos momentos batatinha-quando-nasce que de vez em quando escapam do controle do gajo direto para o papel.
Se ajudar, imaginem a Phedra vestida de menina com o pirulito e recitando.
***
Isto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
***
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Se ajudar, imaginem a Phedra vestida de menina com o pirulito e recitando.
***
Isto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
***
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
4 Comments:
Momento batatinha-quando-nasce? Phedra chupando pirulito (daqueles de coração, claaaaaro!) vestida de mocinha? Estou aqui chorando de rir só de imaginar a cena.
Mais daquelas expressões engraçadíssimas usadas por Gegê! Só você, pequeno dragão, só você!
Esses definitivamente não são meus favoritos do Pessoa, mas tá valendo.
Volte a postar os seus!
Besitos!
uau!
dragão na janela é pouco perto do coração batatinha quando nasce e phedra d. córdoba. com o que vc anda espremendo tua parte esquerda do cérebro?
no mais, o poema da camila é realmente foda (sim! me lembrei qual é) e é sempre bom ler os velhos conhecidos em outras molduras.
beijos
tá na hora de atualizar este blog, que já é a quarta vez que entro e segue sem novidades!
não é que é?. já perguntei no peixe no aquário: "nem impressivo nem draco, enfiou-se em qual buraco". silêncio foi tudo, lá e cá. aguardo euromassiva explosão em algum momento, quando a falta de oxigênio poético tornar impossível respirar só realidade, o que é certo ocorrer.
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