14.2.07

Um Zorro

A veia poético-pagodeira, a recente leitura candeiana (seria sacanagem dizer que o que segue tem alguma culpa do rapaz) e a preguiça falaram mais forte. Com o que vocês serão poupados por mais algum tempo de um texto pouco tragável sobre a modernidade. Meanwhile, vejam só, minhas tardes andam rendendo, além de contratos, idéias. Mas, como dizia Mallarmé...

***

Um Zorro

Seu herói americano
na sala do ilusionista
além do vilão avista
vários vasos de Pequim.

Nalgum deles, ele sabe,
mora o destino do mundo.
Os outros são só disfarce
são obra do Mandarim.

O vilão vai empurrando
pela sala aquelas urnas
e nosso herói se desdobra
pelos vasos de festim.

Cria braços de borracha
joga a jaqueta de couro
salta, corre e lê a Bíblia
só pra evitar o fim!

Não sou um desses, tá vendo?
Eu mal levanto da mesa,
não morro pelo planeta,
não ligo de ser ruim.

O planeta que se cuide
não dou nem assinatura
tô tomando minha breja
sentado no botequim.

Essa daí não me engana
não arranca minha grana
nem se vier com o Papa
nem se Deus chegar pra mim.

Por que que esse Deus não acaba
com os conflitos do Iraque
chove fogo que nem antes
ou faz uma coisa assim?

É que o mundo ficou grande
fizeram corporações
Antes até que era fácil
Mandava-se um querubim.

Matava logo uma dúzia
e problema resolvido.
queimava duas cidades,
expulsava do Jardim.

A gente ganhou a briga
fez países e tratados
enforcou líderes bárbaros
tudo passado a nanquim.

E se ele achar que pode
venha aí tentar a sorte;
Deus não precisa de herói
Deus não precisa de mim.

.

1 Comments:

Anonymous Anônimo argúi...

influencia candeiana eh foda.
tb sofro inspirações (leia-se alterações se quiser) depois de ler Del.

passeia no meu blog se der.
vou vir mais vezes aqui.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007 2:04:00 PM  

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