28.7.08

É tarde é tarde é tarde

Sim, entendo vocês, não há tempo. Na verdade, nunca houve. Por isso, precisamos ter muito cuidado com como gastamos os olhos. Por isso, substituo uma digressão sobre os pedaços de cada um e a atividade de tradução por algo que me apareceu em outro continente, sem maior razão de ser. Apenas estando.

***

Como Chateaubriand

Um quadro de Degas. Cortinas

e um pouco de sol. Os relógios

esparsos pelo chão ensinavam

sobre dias da semana. Lembrávamos

de pequenas batalhas por espaços imaculados no teu corpo, e ainda

e ainda estávamos vivos. Já todas as apostas

haviam se encerrado, e nem tínhamos

pensado numa boa canção. Apenas cantávamos.


Um quadro de Degas, ou outra coisa

ainda menor. Um espaço na calçada

e dedos que escorregam. Aquela foto

da Simone, eu pensava. Aqui parece Paris.

Podia ser qualquer lugar.


Um quadro apenas, ou então a cômoda,

o espelho espalhado em triângulos,

tanto tempo extraído do armário.

Uma ilha para pés descalços

e costas de bailarina.