É tarde é tarde é tarde
Sim, entendo vocês, não há tempo. Na verdade, nunca houve. Por isso, precisamos ter muito cuidado com como gastamos os olhos. Por isso, substituo uma digressão sobre os pedaços de cada um e a atividade de tradução por algo que me apareceu em outro continente, sem maior razão de ser. Apenas estando.
***
Como Chateaubriand
Um quadro de Degas. Cortinas
e um pouco de sol. Os relógios
esparsos pelo chão ensinavam
sobre dias da semana. Lembrávamos
de pequenas batalhas por espaços imaculados no teu corpo, e ainda
e ainda estávamos vivos. Já todas as apostas
haviam se encerrado, e nem tínhamos
pensado numa boa canção. Apenas cantávamos.
Um quadro de Degas, ou outra coisa
ainda menor. Um espaço na calçada
e dedos que escorregam. Aquela foto
da Simone, eu pensava. Aqui parece Paris.
Podia ser qualquer lugar.
Um quadro apenas, ou então a cômoda,
o espelho espalhado em triângulos,
tanto tempo extraído do armário.
Uma ilha para pés descalços
e costas de bailarina.
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