26.9.08

Mais

Entrada: 22h.
Saída:4h30.
Total de caixa: 285,40 euros.
Total de gorjeta: 21,96 euros.

***

Meu dia começou assim: acordei às 9h30 da manhã depois de ter dormido umas 5 ou 6 horas, comi meia baguete tradição (1,05 euros cada) com manteiga. Fui pegar o vinho e o espumante que tínhamos comprado pra hoje, quando iam ser entregues as notas do Master. Fomos pra sala com isso, a Daphnée já estava com salgadinhos e toalhinhas vendo a sala. Empurramos cadeiras e mesas pra fora. Eram 10h3à e ia começar a reunião de recepção da nova turma, então saímos correndo pra nos apresentarmos, que éramos da associação de estudantes e tal. A coordenadora não se lembrava do meu nome. Dissemos um oi e voltamos pra espalhar salgadinhos pelas salas e abrir os vinhos (ficamos discutindo se se devia ou não abrir os espumantes antes de as pessoas chegarem, até que alguém cansou e resolveu abrir). Esperamos um pouco e as pessoas da nossa turma foram chegando, todos vestidos como estudantes que não estão acostumados a terem que parecer chiques se vestem quando têm que parecer chiques.

Então finalmente acabou a reunião e vieram os novos estudantes, querendo parecer folhas em branco como alguém disse uma vez e nos pedindo para formatá-los para se darem bem no novo ano. Então a professora leu as notas, a que não lembrava meu nome, e a russa e a americana tinham sido reprovadas e eu tinha tido a melhor nota - não tem duas formas de dizer isso - fora o luxemburguês que já tinha tido sua nota há muito tempo e estava em Nova Iorque. Era uma nota que eles arredondaram pra cima, 15/20, e assim eu ganhava uma menção especial, "bien". A russa e a americana tinham pedido pra eu me certificar de que realmente elas tinham sido reprovadas e enviar e-mails pra elas, pois elas tinham ido embora antes da reunião.

Então bebemos champanhe e vinho mas sobraram muitas garrafas, tentamos vender pro pessoal da outra turma mas eles já tinham as próprias, então decidimos ir almoçar num restaurante japonês. Deixei 15 euros, ou seja, um pouco menos do que minhas gorjetas de ontem (a cerveja chinesa custou 5 euros). Voltamos pegar as garrafas e trazê-las para o meu apartamento, e eu fiquei de dar uma festa pros novos alunos ainda em outubro com elas. Eu, o Noël, o Manuel e a Sonia, eles todos franceses, tomamos café aqui, depois a Sonia saiu pra uma reunião e o Manuel mostrou pra mim e pro Noël clipes de rap com letras sexuais e degradantes para as mulheres. O Noël é gay. Os dois foram embora e eu enviei os e-mails pra russa e pra americana, e tentei dormir mas consegui pouco só, talvez por causa do café. Li algumas coisas, escrevi pra amigos e saí pra uma comemoração onde eu não ficaria muito tempo, pois eram nove e às dez eu tinha que estar no restaurante - onde parece que o gerente iraniano estaria esta vez, me diziam que ele que não bebe e não fuma e fica brigando com as pessoas. Tomei apenas uma cerveja pequena na comemoração (3 euros).

Fui até o restaurante e o iraniano ficou tentando me ensinar as coisas, eu já sabia muitas pois estava no meu terceiro dia mas prestava muita atenção pois era disso que ele precisava. Era sexta-feira e as pessoas estavam generosas, eu não tinha muitas moedas então descobri que quando você pergunta se a pessoa tem vinte centavos normalmente ela te deixa ficar com o troco. O tempo passou rápido pra caramba, fechamos o terraço às duas e então eu fui pra cozinha lavar louça, copos e talheres, e a Ewelina me sacaneou de novo e perguntou se eu não tinha máquina de lavar louça em casa, mas eu respondi que eu lavo a louça na mão.

Limpamos vários utensílios de cozinha, tenho certeza que se eles soubessem o quanto eu ignoro a utilidade daqueles utensílios me mandariam embora na hora. Então me disseram que me pagariam os dois últimos dias e mais a meia jornada de hoje, e esse então fica sendo o meu primeiro salário nesse ramo - fora quando eu tinha doze anos e fui pra búzios na casa de um amigo dos meus pais, e o pai desse amigo era quem morava em Búzios e ele tinha uma fábrica de gelo. Eu e os netos dele passamos duas horas carregando gelo e ganhamos cinco reais cada um. Eu devia ter doze anos, mesmo, ou até um pouco mais.

Então o iraniano (ele se chama Hussein, talvez seja iraquiano) me disse que eu não ia poder folgar domingo, pois já haviam pegado esse dia e eu expliquei que quando combinamos ele disse que seriam domingo e segunda minhas folgas, e que eu havia marcado uma coisa importante pra domingo (é verdade). Ele me disse que não ia ter jeito mas que eu podia falar com o argentino pra trocarmos. Não consegui falar com o argentino.

Limpamos tudo, recolhemos o terraço e voltei pra casa. Tenho a minha condição (o primeiro salário) e um bom motivo (a troca arbitrária do meu dia de folga, do qual eu precisarei) pra não aparecer mais, ou então reclamar, talvez até criar uma briga como se faz na França e sair por causa disso. Porém a verdade é que a experiência está me agradando, o dinheiro não é mau (pode-se viver a vida toda assim, o Dmitriy me explicou logo de cara) e acho que três dias é tão tão pouco.

Preciso ver se meu programa de domingo é maleável. Se não for, podemos ter problemas.

1 Comments:

Anonymous Anônimo argúi...

Há! Sabia que vc ia descobrir como arrumar mais gorgeta! O truque dos 20 centavos foi genial!
Torcendo pra que a desistência não seja imediata, três dias é pouco pra contar pros seus filhos!

E me ocorreu que quando eu tinha doze anos a moeda era algo como cruzados novos. Com sorte eu ainda teria umas revistas em quadrinhos com o preço impresso na capa...

sábado, setembro 27, 2008 1:05:00 AM  

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