21.1.07

Jaime Sabines y Tarumba

Nos enviou o Alitto um poema do Jaime Sabines, poeta mexicano. Indo atrás, encontrei que o cara lembra muito um Drummond mexicano, daí arrisquei uma tradução dessa língua familiar e estranha que falam pela América.
A curiosidade recai sobre a palavra Tarumba, título do livro e termo que perpassa os poemas todos, e que a princípio pensei desconhecer meramente em virtude da minha quase absoluta ignorância acerca do idioma dos reis católicos, mas depois vim a descobrir - extremamente aliviado - que se trata de termo inventado pelo próprio Sabines, que nem mesmo ele se sente confortável para explicar.
E que, segundo consta, descobriu posteriormente que, como é costume, a palavra não saíra de sua livre imaginação de gênio literário: estava curiosamente alojada por Lorca.

***

Ai, Tarumba

Ai, Tarumba, tu já conheces o desejo.
Te devora, te arrasta, te desfaz.
Zumbes como uma colméia.
Te quebras mil e mil vezes.
Deixas de ver mulher por quatro dias
porque gostas de desejar,
gostas de queimar-te e revivê-lo
gostas de passar a língua de teus olhos em todas.
Tu, Tarumba, nasceste na saliva,
Quem sabe em que borracha quente nasceste.
Te castigaram com dar-te apenas duas mãos.
Salgado Tarumba, tens a pele como uma boca
e não te cansas.
Não vais concluir nada.
Mesmo que chores, mesmo que fiques quieto
como um bom rapaz.

Jaime Sabines, trad. GG

***

Ay, Tarumba

Ay, Tarumba, tú ya conoces el deseo.
Te jala, te arrastra, te deshace.
Zumbas como un panal.
Te quiebras mil y mil veces.
Dejas de ver mujer en cuatro días
porque te gusta desear,
te gusta quemarte y revivirle,
te gusta pasarles la lengua de tus ojos a todas.
Tú, Tarumba, naciste en la saliva,
quién sabe en qué goma caliente naciste.
Te castigaron con darte sólo dos manos.
Salado Tarumba, tienes la piel como una boca
y no te cansas.
No vas a sacar nada.
Aunque llores, aunque te quedes quieto
como un buen muchacho.

Jaime Sabines


***

Voltarei a ele.

6 Comments:

Anonymous Anônimo argúi...

que lindo!

legal que tentou fazer a tradução. para meus olhos pouco reis católico, mas salseiros, não encontro nenhum elefante.

divertido tudo isso.

beijo

segunda-feira, janeiro 22, 2007 10:42:00 AM  
Blogger Fábio Aristimunho argúi...

Então Tarumba é isso. No poema que o Alitto mandou eu já tinha ficado imaginando o que mais seria além de um vocativo. Bom poema, mas aqueloutro ainda é mais forte.

segunda-feira, janeiro 22, 2007 7:18:00 PM  
Blogger gustavo.assano argúi...

Nossa, que poema animal!
Desconhecia totalmente e cara.
Procurarei mais coisas sobre ele.

Cara, não faço idéia como faço para participar desse gurpo de e-mails da AL.
Me manda umas instruções, que sou bem prego com essas coisas.

terça-feira, janeiro 23, 2007 7:52:00 AM  
Blogger Carol M. argúi...

Putz, Gê, que poema forte! Adorei.
E falando de mexicanos, você precisa conhecer o Xavier Villaurrutia. Papai tem um livro fantástico dele, dos tempos do exílio.

Posto pra você um trecho pequeno do "Nocturno Rosa", que particularmente me causa arrepios desde os 17 anos.

"Yo también hablo de la rosa.
Pero mi rosa no es la rosa fría
ni la de piel de niño,
ni la rosa que gira
tan lentamente que su movimiento
es una misteriosa forma de la quietud.

No es la rosa sedienta,
ni la sangrante llaga,
ni la rosa coronada de espinas,
ni la rosa de la resurrección.

No es la rosa de pétalos desnudos,
ni la rosa encerada,
ni la llama de seda,
ni tampoco la rosa llamarada.

No es la rosa veleta,
ni la ulcera secreta,
ni la rosa puntual que da la hora,
ni la brujula rosa marinera.

No, no es la rosa rosa
sino la rosa increada,
la sumergida rosa,
la nocturna,
la rosa inmaterial,
la rosa hueca.

Es la rosa del tacto en las tinieblas,
es la rosa que avanza enardecida,
la rosa de rosadas uñas,
la rosa yema de los dedos ávidos,
la rosa digital
la rosa ciega."

E ele vai longe. Se quiser depois te mando inteiro.

Besitos meus!

terça-feira, janeiro 23, 2007 10:19:00 AM  
Blogger Fábio Aristimunho argúi...

O poema postado pela Carol me lembrou o poema do Vinícius, A Rosa de Hiroshima, não só pela tamática como pelo ritmo, e me lembrou também este poema do A. Fressia:

"PERO LA ROSA

Sí, puedo contar las rosas
de las estaciones, de perfume y cuerpo,
rosas de los vientos y de piedra, sí,
las rosas de Praga y la mañana.
Pero la otra, rosa ilícita, la dulce
rosa en deuda con la especie, no
la rosa violenta en la marea del tiempo,
pero la rosa tránsfuga y estéril, la vacante
rosa del destiempo, no la innumerable, solitaria,
pero la dura rosa condenada."

sexta-feira, janeiro 26, 2007 3:47:00 PM  
Blogger Alexandre Bonafim argúi...

Grande poeta. Parabéns!

domingo, agosto 10, 2008 5:57:00 PM  

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