Sinto falta
Há muitas coisas de que sinto falta, de que manco mesmo. Uma delas são amigos ranzinzas.
Ontem fui assistir a uma peça de teatro. Sofrível. Um texto péssimo (de adaptação da própria trupe, então culpa deles sim) daqueles em que os atores ficam narrando em vez de encenar, atuações entre medianas e risíveis (ok, ajudou o fato de que era um bando de ocidentais tentando se passar por taiwaneses), tentativas extremamente malsucedidas de encaixar canções no enredo e o mortal, pra mim - nem um pouquinho de esprit.
Mas acabou a peça e observei que uma das atrizes tinha sotaque brasileiro. Aí descobri que na verdade tínhamos vindo ver a peça porque a menina era amiga de uma das meninas (segunda vez que caio nessa), e logo havia outras pessoas que notaram que conheciam a menina - pois a comunidade aqui é cerradíssima.
Quando menos vi estávamos dando parabéns esfuziantes e eu estava fazendo comentários sobre a dificuldade do tema, que era necessário embutir muitas explicações históricas sobre as guerras e ocupações que nos são infamiliares - o que é evidentemente mentira, uma guerra é uma guerra, uma ocupação é uma ocupação, e a inserção de momentos explicativos num texto dramático é uma confissão de falha. Falha em transmitir a mensagem pelo meio em que, teoricamente, o grupo sabe o que está fazendo.
Fora da matilha, tive de me contentar com comentários engolidos, passados discretamente pra uma amiga que ao menos não ficaria consternada pela minha falta de solidariedade com o esforço alheio.
Acontece que uma obra de arte não pode ser avaliada pelo esforço do artista. Correndo o risco de se transformar em como aquela temporada do David Copperfield (ou o outro?, aquele negro) num tanque de gelo, que lhe rendeu mais três semanas no hospital. Pode ser um esforço impressionante - mágica, não é.
Vocês me mancam.
Ontem fui assistir a uma peça de teatro. Sofrível. Um texto péssimo (de adaptação da própria trupe, então culpa deles sim) daqueles em que os atores ficam narrando em vez de encenar, atuações entre medianas e risíveis (ok, ajudou o fato de que era um bando de ocidentais tentando se passar por taiwaneses), tentativas extremamente malsucedidas de encaixar canções no enredo e o mortal, pra mim - nem um pouquinho de esprit.
Mas acabou a peça e observei que uma das atrizes tinha sotaque brasileiro. Aí descobri que na verdade tínhamos vindo ver a peça porque a menina era amiga de uma das meninas (segunda vez que caio nessa), e logo havia outras pessoas que notaram que conheciam a menina - pois a comunidade aqui é cerradíssima.
Quando menos vi estávamos dando parabéns esfuziantes e eu estava fazendo comentários sobre a dificuldade do tema, que era necessário embutir muitas explicações históricas sobre as guerras e ocupações que nos são infamiliares - o que é evidentemente mentira, uma guerra é uma guerra, uma ocupação é uma ocupação, e a inserção de momentos explicativos num texto dramático é uma confissão de falha. Falha em transmitir a mensagem pelo meio em que, teoricamente, o grupo sabe o que está fazendo.
Fora da matilha, tive de me contentar com comentários engolidos, passados discretamente pra uma amiga que ao menos não ficaria consternada pela minha falta de solidariedade com o esforço alheio.
Acontece que uma obra de arte não pode ser avaliada pelo esforço do artista. Correndo o risco de se transformar em como aquela temporada do David Copperfield (ou o outro?, aquele negro) num tanque de gelo, que lhe rendeu mais três semanas no hospital. Pode ser um esforço impressionante - mágica, não é.
Vocês me mancam.
2 Comments:
Tu aussi, mon amis, tu bien sais.
Et pardon mon français, que c'est plus le que me manque a moi.
mancamos todos sem suas impagaveis reflexoes regadas a alcool e risadas!
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