18.10.08

Uma proposta

(escrevo de um teclado extranjero, que todavia no fue submetido a minha tropicalizaciòn)

A vezes me sinto mal por no ser propositivo o bastante. Afinal, como sabemos, no es suficiente apontar todas as imperfecciones e todos os sem-sentido e todas as falsidades de um modelo determinado se no formos capazes de apresentar uma alternativa viàvel - normalmente, na opiniòn de alguém que ya decidiu que no hay uma alternativa viàvel.

Vou me concentrar num pequeno problema - na verdade, enorme e extensible a todo o resto do espetàculo - de algumas peças a que assisti: a incapacidade, verdadeiramente transatlàntica, dos atores para interpretar crianças.

Pois no sei se ustedes ja repararam. Se no repararam, parem pra reparar, preferencialmente num ambiente pùblico como uma praça ou um omnibus, e numa criança que no suspeite de estar sendo objeto de um estudo. Es que crianças se comportam ao menos noventa por cento do tempo, e eu diria mesmo cem por cento do tempo, bastante diferente de adultos imitando crianças. Elas no tienem um olhar vago como alguém incapaz de focar ou que temesse ser observado, mas ao contràrio, olham direta e demoradamente para aquilo que lhes interessa e isso mesmo quando isso é um outro ser humano em estado deprimente ou ameaçador: o desviar o olhar é que é o aprendido. Também no tienen um sorriso neutro na face nem ficam arregalando os olhos como quem estivesse imitando um balòn inflado. E principalmente no caminham em saltitos, com as pernas afastadas nem cambaleando de um lado a outro - esquece os joelhos, levanta e anda.

Correndo o risco de passar uma mà impressiòn como a daquele critico inglés que faz a apologia do Bob Dylan enquanto poeta, darei como o exemplo de boa interpretaciòn infantil a dos atores de Chavo del Ocho. Estàn eretos e andam normalmente como crianças sem defeitos andam normalmente, no fazem voz de falsete e nem dàn entonaciones extranhas às suas frases. No necessitam fingir-se menores como crianças do que son como atores, nem hacer cara de idiotas, para que saibamos - todos - que estào ali representadas pessoas pequenas.

O que distingue uns de outros, entào? No teatro, eu diria primeiro o avassalador das emociones quando essas se apresentam: a criança no caminha entristecida, mas se senta e chora. E no pega no ombro mas corre e abraça. Depois e relacionado, um ocupar-se plenamente do brinquedo, do alimento, do jogo, de um ferimento - do presente. Terceiro, o olhar curioso da criança, que no se dirige indistintamente a todo o mundo que a cerca como se estivesse permanentemente entrando num parque de diversiones, mas se concentra sobre pequenas coisas e se fascina com elas como a adultos sòbrios em situaciones sociais é absolutamente proibido.

No posso me deter demais sobre o olhar da criança: olhar tenho o meu, me basta e na verdade quase que no cabe em mim. No saberia transmiti-lo. Mas hay quem saiba, e recomendo pra isso um certo Picasso ya na idade em que se pode sem risco de reprimendas montar num cavalo magro, tomar um làpis na mano e sair a reparar o mundo.

O que vem como no tronco de tudo isso entretanto, e tento trazer em palavras, é o esquecimento: a capacidade da criança de, a cada segundo, no carregar consigo nem um pequeno totem, nenhuma lembrança, nenhum souvenir do que anos atràs a feriu, nem considerar como cada movimento a deixarà mais preparada para o pròximo combate.

Apenas deixar que eles cheguem, e entào fazer o melhor que pudermos.