25.8.08

Outros

Eu estive quieto quieto, não é? É que andamos ocupados com coisas sem a menor importância.
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Il est hors de doute, dit Robertson Smith, que chaque sacrifice était primitivement un sacrifice collectif du clan et que la mise à mort de la victime était un acte défendu à l'individu et qui n'était justifié que losque la tribu en assumait la responsabilité.
(...)
On sait qu'on accomplit une action qui est interdite à chacun individuellement, mais qui est justifiée dès l'instant où tous y prennent part ; personne n'a d'ailleurs le droit de s'y soustraire.
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E, afinal de contas, nem é uma epígrafe tão boa. talvez essa fosse melhor:
L'action accomplie, l'animal tué est pleuré et regretté. (...) Mais ce deuil est suivi de la fête la plus bruyante et la plus joyeuse, avec déchaînement de tous les instincts et acceptation de tous les satisfactions. Et ici nous entrevoyons sans peine la nature, l'essence même de la fête.
Une fête est un excès permis, voire ordonné, une violation solennelle d'un interdit. Ce n'est pas parce qu'ils se trouvent, en vertu d'une prescription, joyeusement disposés que les hommes commettent des excès : l'excès fait partie de la nature même de la fête ;
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Daí pra Blake estamos num pulo. Mas não pronunciarei.

15.8.08

Tanto esforço

E as vezes parece mesmo que é demais, não é?

13.8.08

Fragmento

"OK, so who's the arsehole now?" Veja como a pergunta pode ser reinterpretada, como se fôssemos crianças sentadas em roda girando uma garrafa, "Ok, so who's the arsehole now?" Sei que algo em você que grita quer apontar os culpados de uma vez por todas, então me desculpe por isso querida - mas o assassino era esse três rodadas atrás, e o detetive agora é apenas quem estiver com o papelzinho marcado com um D. Mas aí já parei de falar com você e estou escrevendo um post.

É uma forma de post-nuclear thinking, talvez, mas nunca acreditei em culpados. A Suzane von R.ichthofen não é um monstro, o cara que atirou a filha da janela não é um monstro, o de-que-não-se-fala (leia Totem e Tabu, ah, leia...) não é um monstro e você não é um monstro. Pode ser, é claro, que eu seja o único diabinho, justificando toda a carnificina em nome de uma certa concepção de alma - mas veja como isso me aproxima tanto tanto do perdão universal, que todos sabemos que é a característica de um único ser no universo. Porém eu não diria isso tampouco, e prefiro ficar com Wilde : "We are all in the gutter, but some of us are looking at the stars".

12.8.08

Casanova

Acabo de ver um filme chamado Memórias de Casanova, ou só Casanova, vocês sabem como são essas coisas. E preciso dizer - só escrevo aqui coisas que preciso dizer - que terminei o filme revoltado, esbravejando pra pessoas intrigadas com atitude tão bizarra diante de um filme bobo.

Meu problema com o filme era apenas o enredo. Achei o figurino adequado, as intepretações críveis e o cenário bem-construído (afora uma ou outra marcas de avião no céu veneziano do século XVIII, quando não se arava ainda o céu). Apenas o enredo, qual seja, segundo a wikipedia:

"Casanova, pela primeira vez na vida, encontra uma mulher que o rejeita. Ela é a bela veneziana Francesca Bruni e, para conquistá-la, Casanova usa os mais variados disfarces e estratégias, colocando em jogo sua reputação e até mesmo a sua vida." (devo dizer que existe um filme do Fellini e que obviamente não é o que interessa)
Vocês entenderam então? Casanova, o libertino, Casanova, o maior dos sedutores, Casanova, o destruidor de corações (não de famílias, nessa época não tinha dessas em Veneza), se apaixona, que é a forma polida de dizer: encontra uma mulher que o rejeita (não estou igualando as duas coisas, por favor - mirem mais embaixo). E então faz o possível e o impossível para tê-la, abdica dos seus amores e até de deflorar a virgem que lha daria uma aparência digna e lhe salvaria o pescoço da inquisição.

Me corrijam aqui todos os semioticistas, todos os psicanalistas, todos os filósofos e todos os lógicos se eu estiver errado: o Casanova hollywoodiano deixa de fruir o presente e é dominado pelo amor Shakespeariano, aquela abdicação do presente pela fruição do futuro (que, como o inglesinho apontou, identifica-se com a vida eterna e portanto com a morte). Permanece perseguido, vejam bem, como se houvesse uma continuidade entre uma coisa e outra.

Mas não há. Há é a grande inversão do mito, que passa a propagar assim : o maior dos conquistadores não era um conquistador, mas no fundo um infeliz frustrado ; a fruição dos seus desejos ainda não é a felicidade ; a verdadeira felicidade está em outro lugar, no inatingível, ali, e não no que você está fazendo agora ; é preciso estar frustrado, há algo além pelo que vale a pena lutar, usar todos os disfarces e estratégias ; cuidado, pois pode não ser pra sempre e, se não for pra sempre, retroativamente isso significa que não deu certo.

Não é ainda que o libertador se converteu na prisão. É mais primitivo: a prisão se apresentando com um cartão onde se lê, "Libertador".

***

Uma vez o Blattner me disse sobre a Montanha Mágica que o sujeito estava deitado no quarto da amada vendo entrar a luz da manhã, e que ele então pensava que aquilo era apenas a ponta do enorme iceberg da felicidade, quando na verdade aquele momento era a própria felicidade. É isso. O filme nos treina para procurar o iceberg, e nos deixa muito inquietos quando não conseguimos nem mesmo vê-lo, pois estamos ocupados demais admirando a ponta. Que ao menos tirássemos fotos da ponta, para poder fruí-la pra sempre.

Vi também admirável mundo novo outro dia em filme, a mesma mensagem : na verdade o Amor existe e os seres do futuro é que foram privados dele, até de Shakespeare, ah Shakespeare que nos diz tanto. Nosso mundo, e não o deles, é que é o único possível, diz o filme. Espero que o livro não seja assim - 1984 certamente não é, embora tentem fazer dele um apaixonado tratado de anti-stalinismo.

O saldo, que apresento como a novidade da temporada : Hollywood é uma máquina de pegar histórias e transformá-las em comerciais da tesoura do Mickey e da Minnie, lembram dela? De te garantir que existe um mundo do depois-de-conseguir, um mundo muito melhor, onde finalmente você estará a salvo, sem dor e sem remorso e ao lado dos que te amam, onde tem prostitutas bonitas para a gente namorar.

Sinto dizer, mas esse mundo tem nome, e é o Além. Chegar a ele demanda a morte.

9.8.08

Pós-FLAP!, ressacas e uma chave

.................................."for when the players are all
dead, there needs none to be blamed. "