Onde poderia ter começado
Torna-se subitamente apropriado retomar, como mito fundador ao estilo de um Mayflower, de Rômulo e Remo ou do Grito do Ipiranga (ou Cabral?, ou Tiradentes?, enfim, escolham aí um apenas para completar a regra de retórica e incluir um elemento patriótico, ilusoriamente colocando o Brasil como cenário de estudos futuros de grande significação), o que poderia ser considerado o meu primeiro poema de verdade - atirando assim Estilhaços para uma vala comum do mero corriqueiro conjuntural, junto com o escravismo, a exploração colonial e arranjos políticos imediatistas.
Depois dizem que a estória não é escrita pelos vencedores, pois agora temos especialistas discutindo nesse espaço imparcial de trocas culturais que é a Universidade Moderna - onde andam em alta as ciências exatas, fenômeno que é objeto de críticas intensas e ferozes dos defensores da cultura e do pensamento independentes que o Iluminismo nos legou. Melhor parar aqui que as conseqüências são graves, mas quem encaixar o verbete University com o resto da estória poderá chegar às próprias conclusões, livres, independentes e imparciais.
Curiosamente, este poema foi rejeitado pela poderosa editoria da revista PHOENIX XVIII - por sinal, ana rüsche anda falando dessa pequena desincubadora de poetas - em favor de um conto bukowskiano, que você inclusive pode ler lá embaixo. Escolha provavelmente acertada, não em função do pequeno nascituro, que cairia bem como testemunho da imaturidade, mas do resto dos rejeitos, a chamada água do banho.
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escrevo.
no dique de sangue
tampo o buraco com o dedo
pelo lado de dentro
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