Nos enviou o Alitto um poema do Jaime Sabines, poeta mexicano. Indo atrás, encontrei que o cara lembra muito um Drummond mexicano, daí arrisquei uma tradução dessa língua familiar e estranha que falam pela América.
A curiosidade recai sobre a palavra Tarumba, título do livro e termo que perpassa os poemas todos, e que a princípio pensei desconhecer meramente em virtude da minha quase absoluta ignorância acerca do idioma dos reis católicos, mas depois vim a descobrir - extremamente aliviado - que se trata de termo inventado pelo próprio Sabines, que nem mesmo ele se sente confortável para
explicar.
E que, segundo consta, descobriu posteriormente que, como é costume, a palavra não saíra de sua livre imaginação de gênio literário: estava curiosamente alojada por Lorca.
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Ai, TarumbaAi, Tarumba, tu já conheces o desejo.
Te devora, te arrasta, te desfaz.
Zumbes como uma colméia.
Te quebras mil e mil vezes.
Deixas de ver mulher por quatro dias
porque gostas de desejar,
gostas de queimar-te e revivê-lo
gostas de passar a língua de teus olhos em todas.
Tu, Tarumba, nasceste na saliva,
Quem sabe em que borracha quente nasceste.
Te castigaram com dar-te apenas duas mãos.
Salgado Tarumba, tens a pele como uma boca
e não te cansas.
Não vais concluir nada.
Mesmo que chores, mesmo que fiques quieto
como um bom rapaz.
Jaime Sabines, trad. GG
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Ay, Tarumba
Ay, Tarumba, tú ya conoces el deseo.
Te jala, te arrastra, te deshace.
Zumbas como un panal.
Te quiebras mil y mil veces.
Dejas de ver mujer en cuatro días
porque te gusta desear,
te gusta quemarte y revivirle,
te gusta pasarles la lengua de tus ojos a todas.
Tú, Tarumba, naciste en la saliva,
quién sabe en qué goma caliente naciste.
Te castigaron con darte sólo dos manos.
Salado Tarumba, tienes la piel como una boca
y no te cansas.
No vas a sacar nada.
Aunque llores, aunque te quedes quieto
como un buen muchacho.
Jaime Sabines
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Voltarei a ele.